Quando o aparelho mostra 180 por 90, o que fazer? Muitos correm para a emergência. Outros aguardam. Neste artigo, explico como diferenciar emergências reais de picos transitórios, com base nas diretrizes — e na prática clínica do dia a dia.
Pressão 18×9. Emergência ou alarme falso?
Imagine a cena: você mede a pressão arterial em casa ou na farmácia e o resultado é 180 x 90 mmHg. O coração acelera, o medo aparece e a dúvida surge: “Devo correr para o pronto-socorro ou esperar para conversar com meu médico?”
Esse tipo de situação é mais comum do que se imagina. E, antes de tudo, é importante saber: uma pressão elevada não significa automaticamente uma emergência.
De acordo com as diretrizes da American Heart Association (AHA) e da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC), valores de pressão acima de 180 mmHg só configuram uma emergência hipertensiva quando estão associados a sinais de dano agudo a órgãos-alvo: dor torácica, falta de ar, alterações neurológicas, edema agudo de pulmão ou alterações visuais são os principais.
Quando não há sintomas relevantes, mesmo com pressões elevadas, estamos diante de uma urgência hipertensiva ou de um pico pressórico isolado. Nessas situações, o mais adequado é acalmar-se, repetir a medida em ambiente tranquilo, verificar a correta posição e tamanho do braço, e agendar uma avaliação médica com profundidade.
No consultório, é comum recebermos solicitações de encaixe urgente por conta de picos de pressão em familiares, especialmente idosos. O que muitas vezes tranquiliza os pacientes é saber que, na ausência de sintomas específicos, não estamos diante de uma emergência, mas sim de uma condição que merece ser cuidadosamente investigada e acompanhada.
A hipertensão é uma doença crônica e silenciosa, que exige um olhar mais amplo do que apenas o número do aparelho. Nosso organismo responde a um conjunto de fatores: sono, estresse, alimentação, hidratação, uso de medicações e histórico familiar.
Aqui no consultório, cada paciente é avaliado com tempo e profundidade, entendendo a real origem do descontrole pressórico e elaborando um plano de cuidado completo. Não se trata apenas de prescrever, mas de escutar, acompanhar e conduzir uma jornada de saúde com segurança.
Porque hipertensão se trata com ciência, mas também com relação, continuidade e presença médica.
Referências: 2023 ESC Guidelines on the Management of Arterial Hypertension – European Heart Journal | 2017 ACC/AHA Guideline for the Management of High Blood Pressure in Adults – JACC
Toda informação aqui compartilhada tem como propósito ampliar sua consciência em saúde. Nada substitui a escuta e o olhar atentos de um encontro clínico individualizado, com quem se compromete verdadeiramente com sua história.

